O texto abaixo foi escrito pelo pós-graduando Jadson Bezerra, biólogo e mestrando da Universidade Federal de Pernambuco. Este texto foi publicado no Jornal Cidade Águas Belas - PE, na edição 19.
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O clamor da Caatinga
A vegetação que cerca a cidade de Águas
Belas é cheia de histórias e de diversidade considerável, são muitos pássaros,
plantas, flores, fruteiras e muitas outras formas de vida que enriquecem a
região. Estamos falando da Caatinga, que apesar de estar sendo muito devastada,
possui beleza inegável e contribui com a biodiversidade do Brasil.
A Caatinga ocupa grande parte da Região
Nordeste e uma porção do Estado de Minas Gerais. A palavra Caatinga, na língua
indígena, significa “mata branca”. Se observarmos essa vegetação durante o
período de seca (o maior período da região) observaremos que ela é branca ou
acinzentada, pois, as plantas perdem as folhas e muitas possuem a casca do
tronco reluzente ou clara.
Essa região abriga um conjunto de
plantas, animais, micro-organismos e suas relações formam uma grande área única
no Brasil e no planeta. Cada ser vivo da Caatinga tem grande importância para o
ecossistema, cada um com suas características particulares preenche um lugar
importante no conjunto, formando a biodiversidade. Por exemplo, na Caatinga as
plantas floram em épocas diferentes, isso garante a alimentação das abelhas,
outros insetos e animais silvestres em todo o ano (período seco ou chuvoso),
demonstrando a relação entre os seres e a necessidade da Caatinga ser
preservada completamente (Livro: Caatinga – árvores e arbustos e suas
utilidades, 2004).
Foi apenas um exemplo de muitos que
existem sobre as relações de vida na Caatinga. O “homem sertanejo” respeita o
lugar onde vive e o trata da melhor forma para que consiga cultivar na terra
que Deus lhe deu. São muitos os exemplos de pessoas que vivem na Zona Rural e
por muito tempo não vão à cidade por ter todas as suas necessidades supridas
pelos bens dados pela Caatinga.
Apesar da grande contribuição
que a Caatinga tem nos dado, ela tem sido destruída pelo próprio homem que com
ela sobrevive. Por exemplo, quem nunca ouviu falar na “feira dos passarinhos”?
Quem nunca teve ou ouviu um pássaro cantar numa gaiola na sua casa ou na casa do
vizinho? Quem já comprou orquídeas e casca de aroeira que os “mateiros” trazem
das serras para vender nas feiras? Quem já comeu preá, mocó, paca ou codorna do
mato? Imagina como isso contribuiu com a devastação da Caatinga! Hoje não
contribui porque não existem esses animais e plantas... tudo foi destruído!
Fica o alerta para cada um de
nós! Preservar a Caatinga para que muitos como nós tenham a mesma oportunidade
de aproveitar essa graça que Deus nos concedeu. No próximo mês continuaremos a
nossa reflexão sobre o “Clamor da Caatinga”.
Jadson
Bezerra
Palma
selvagem, Caatinga – Itaíba/PE. Foto: Jadson Bezerra
Mandacaru,
Caatinga – Itaíba/PE. Foto: Jadson Bezerra