segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um outro lado da caatinga



Sertão, terra rachada, sol a pino, povo sobrevivente. Contudo, o semi-árido brasileiro ainda é lembrado principalmente pela pobreza, com seus 1.482 municípios entre os mais pobres do país; pelo clima seco, com 95% da área do bioma em regiões suscetíveis à desertificação; pela ocupação humana desordenada, que começou nos tempos do Brasil colônia e que, hoje, com cerca de 27 milhões de pessoas, o semi-árido mais habitado do mundo; e pela grande área – quase metade do bioma – alterada por desmatamentos e queimadas. 
A imagem mais relacionada à Caatinga esconde uma realidade pouco conhecida nas ela também apresenta grande potencial de uso sustentável de seus recursos naturais como madeiras, medicinais, fibras, resinas, borrachas, ceras, alimentícias, aromáticas, além de sítios arqueológicos e paisagens consideradas ideais para o ecoturismo.
        

Caatinga e Biotecnologia

Graças aos diversos estudos realizados nos últimos anos muitos mistérios da Caatinga foram revelados. Dentre eles estão as inúmeras utilidades biotecnológicas de suas plantas, e com elas os benefícios a serem aplicados no dia a dia da população. Em busca do uso da biotecnologia a partir deste bioma, destacamos dois artigos científicos que utilizam um pouco da flora da Caatinga para atividade antimicrobiana. O primeiro artigo, intitulado "Avaliação da Atividade Antimicrobiana de Extratos de Dioclea grandiflora Mart. ex. Benth., Fabaceae", avalia a atividade antimicrobiana dos extratos aquoso e hidroalcoólico da casca da folha, casca da raiz e das folhas, sobre bactérias, fungos e leveduras. O segundo artigo é intitulado "Riqueza de fungos endofíticos isolados de Opuntia ficus-indica Mill. (Cactaceae) e triagem preliminar para produção de enzimas" (traduzido do inglês), e mostra a capacidade de fungos endofíticos - aqueles que vivem nos tecidos de raízes, caules e folhas das plantas - na produção de enzimas benéficas ao homem. Vale a pena conferir! 

 Foto: Dioclea grandiflora Mart. ex. Benth., conhecida
   como olho-de-boi


Foto: Opuntia ficus-indica Mill. 

domingo, 3 de junho de 2012

Carta ao Leitor

O texto abaixo foi escrito pelo pós-graduando Jadson Bezerra, biólogo e mestrando da Universidade Federal de Pernambuco. Este texto foi publicado no Jornal Cidade Águas Belas - PE, na edição 19.
LINK PARA SITE DO JORNAL: http://issuu.com/jornalcidadepe/docs/jc-aguasbelas19_
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O clamor da Caatinga


         A vegetação que cerca a cidade de Águas Belas é cheia de histórias e de diversidade considerável, são muitos pássaros, plantas, flores, fruteiras e muitas outras formas de vida que enriquecem a região. Estamos falando da Caatinga, que apesar de estar sendo muito devastada, possui beleza inegável e contribui com a biodiversidade do Brasil.
         A Caatinga ocupa grande parte da Região Nordeste e uma porção do Estado de Minas Gerais. A palavra Caatinga, na língua indígena, significa “mata branca”. Se observarmos essa vegetação durante o período de seca (o maior período da região) observaremos que ela é branca ou acinzentada, pois, as plantas perdem as folhas e muitas possuem a casca do tronco reluzente ou clara.
         Essa região abriga um conjunto de plantas, animais, micro-organismos e suas relações formam uma grande área única no Brasil e no planeta. Cada ser vivo da Caatinga tem grande importância para o ecossistema, cada um com suas características particulares preenche um lugar importante no conjunto, formando a biodiversidade. Por exemplo, na Caatinga as plantas floram em épocas diferentes, isso garante a alimentação das abelhas, outros insetos e animais silvestres em todo o ano (período seco ou chuvoso), demonstrando a relação entre os seres e a necessidade da Caatinga ser preservada completamente (Livro: Caatinga – árvores e arbustos e suas utilidades, 2004).
         Foi apenas um exemplo de muitos que existem sobre as relações de vida na Caatinga. O “homem sertanejo” respeita o lugar onde vive e o trata da melhor forma para que consiga cultivar na terra que Deus lhe deu. São muitos os exemplos de pessoas que vivem na Zona Rural e por muito tempo não vão à cidade por ter todas as suas necessidades supridas pelos bens dados pela Caatinga.
Apesar da grande contribuição que a Caatinga tem nos dado, ela tem sido destruída pelo próprio homem que com ela sobrevive. Por exemplo, quem nunca ouviu falar na “feira dos passarinhos”? Quem nunca teve ou ouviu um pássaro cantar numa gaiola na sua casa ou na casa do vizinho? Quem já comprou orquídeas e casca de aroeira que os “mateiros” trazem das serras para vender nas feiras? Quem já comeu preá, mocó, paca ou codorna do mato? Imagina como isso contribuiu com a devastação da Caatinga! Hoje não contribui porque não existem esses animais e plantas... tudo foi destruído!
Fica o alerta para cada um de nós! Preservar a Caatinga para que muitos como nós tenham a mesma oportunidade de aproveitar essa graça que Deus nos concedeu. No próximo mês continuaremos a nossa reflexão sobre o “Clamor da Caatinga”.
Jadson Bezerra

Palma selvagem, Caatinga – Itaíba/PE. Foto: Jadson Bezerra


Mandacaru, Caatinga – Itaíba/PE. Foto: Jadson Bezerra


sábado, 2 de junho de 2012

Arte da Caatinga

Uma iniciativa para melhorar a qualidade de vida das comunidades que vivem no cenário da Caatinga é a utilização do artesanato oriundo das diversas partes das plantas: restos de palhas, cascas de árvores, folhas secas, sementes secas, etc. São utilizadas plantas como carnaúba (Copernicia prunifera), caroá (Neoglaziovia variegata) e licuri (Syagrus coronata), para criar variadas peças ornamentais e acessórios.  Em 2008 nasceu a Caatinga Cerrado - Comunidades Eco-Produtivas, um espaço da articulação das redes e empreendimentos da agricultura familiar para a promoção e comercialização de produtos desses dois biomas. Essa iniciativa agrega nove associações ligadas ao artesanato desenvolvido através das plantas destes biomas, e beneficia mais de 1.500 famílias envolvidas.
CONHEÇA MAIS A CAATINGA-CERRADO: http://www.caatingacerrado.com.br/


                                               Foto: Alguns produtos das comunidades produtivas


E MAIS:

Em Pernambuco, artesanato vai da Caatinga ao aeroporto


Desde 2006, uma loja montada no aeroporto de Petrolina, com capacidade para receber 150 mil passageiros por ano, foi inaugurada com a finalidade de reunir os diversos tipos de artesanatos comercializados pela população vivente do bioma. A loja foi resultado de uma parceria entre a INFRAERO e o Projeto de Manejo de Ecossistema do Bioma Caatinga, desenvolvido em parceria pelo Ministério do Meio Ambiente, o GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial, na sigla em inglês) e o PNUD. O espaço comercializa os alimentos e artefatos produzidos por nove cooperativas que atuam na Caatinga. As mercadorias ficarão consignadas, e as despesas do estabelecimento são divididas entre as entidades. A ideia é estimular o chamado mercado justo — baseado na exploração sustentável dos recursos naturais, sem a descaracterização do artesanato tradicional e sem a exploração dos trabalhadores. Entre as comunidades que têm seus produtos expostos na loja está uma do Rio Grande do Norte, que faz artesanato de carnaúba; três da região de Araripe, entre Ceará e Pernambuco, que usam como matéria-prima o babaçu (Orbignya phalerata) e o pequi (Caryocar brasiliense); uma de Ouricuri (PE), que produz peças de madeira; e uma de Caroalina (PE), que faz caixas usando caruá. Há ainda uma comunidade quilombola de Salgueiro (PE) que também usa o caruá para fazer artesanato; uma cooperativa de Mauá (BA) que faz geléias e compotas de umbu (Spondias tuberosa); e uma comunidade da região de Xingó, entre a Bahia e Alagoas, que fabrica peças de fibra de licuri.


Caatinga para crianças

Lúdico, didático e 100% brasileiro! Este é o material fornecido pelo projeto Guardiões da Biosfera em parceria com o MEC às mais de 30 mil escolas públicas e particulares do país para crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Através deste projeto os alunos podem conhecer sobre os diversos biomas do Brasil, as características de sua fauna e flora e o que é preciso para salvá-las. Mais uma ótima forma de aprendizado para as crianças! Abaixo está disponível o episódio sobre Caatinga, dividido em duas partes. Divirtam-se! :D

                                           Parte 1
                     
                                            Parte 2

Produtos da caatinga são sucesso internacional!

A Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) foi levada pela quinta vez ao maior evento de orgânicos do mundo: a Biofach 2012, realizada na Alemanha. Graças aos doces e receitas do umbu  (Spondias tuberosa, L.), um fruto típico da Caatinga baiana, a cooperativa que nasceu em 2004 comercializa hoje 50% de sua produção total para o governo e exporta cerca de 25% para países europeus. Em fevereiro deste ano a Biofach ocorreu na cidade de Norumberg e contou mais uma vez com a participação da Coopercuc, que tem apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO! https://www2.cead.ufv.br/espacoProdutor/scripts/verNoticia.php?codigo=1141&acao=exibir

CONHEÇA A Coopercuc! http://www.coopercuc.com.br/

                                           Foto: Umbu

O Projeto Biomas invade o sertão

O projeto biomas foi criado com o objetivo de construir soluções e para proteger as paisagens rurais nos diferentes biomas brasileiros. Vários pesquisadores experimentam formas de uso sustentável, usando o meio ambiente sem acabar com a biodiversidade nas áreas rurais dos biomas brasileiros, usando a árvore como principal elemento. No vídeo a seguir,o projeto está sendo criado na caatinga, nos estados do Ceará e de Pernambuco. Aproveitem!


Mais informações no site: http://www.projetobiomas.com.br